Quando você pensa em machismo, o que vem à sua cabeça? Estupro, violência doméstica, agressão, restrição econômica, submissão e subserviência. Porém, existem alguns comportamentos machistas que permeiam nosso cotidiano e sequer nos damos conta.

Esses comportamentos machistas começam por vezes muito sutis e (até) inofensivos a muitos olhares, mas rapidamente transforma-se em verdadeiras degradações as mulheres.  O machismo mata mulheres todos os dias em todo o mundo. Quando não encerra a vida de suas vítimas de forma definitiva, ele é também responsável por traumas emocionais e psicológicos que muitas vezes são carregados por toda a vida.

Nem sempre fácil de identificar, já que a grande maioria das mulheres lida com isso por praticamente toda a vida, os tipos de machismo se manifestam das mais diferentes formas, até quando tudo parece estar intrínseco em meio a relações de amizade, parceria e relacionamento amoroso. Imagine o seguinte cenário: você mulher está explicando uma ideia e acaba sendo interrompida (várias vezes), sem terminar a frase. Agora, está defendendo uma ideia em uma reunião e ninguém dá ouvidos. Logo em seguida, uma outra pessoa repete exatamente a sua ideia e ela é aprovada por todos. A violência social desse tipo de situação envolve constrangimento, humilhação, dúvidas em relação à capacidade e traumas severos.

Você vai entender tudo sobre os tipos mais comuns:

MANTERRUPTING – A tradução significa, literalmente, “homens que interrompem” e se refere aos homens que fazem intervenções em meio à fala de mulheres, impedindo que terminem a frase ou concluam uma linha de pensamento. Essa situação é bastante comum em palestras ou discursos com público misto. Frases como “Sim, Senhora, sei que você pode falar sobre isso melhor que ninguém, mas é que…”  – “Acho que esta pergunta (da plateia) tem bastante a ver com a área da Senhora, mas eu só queria falar que…”  (falando por cima dela) “Sim, Senhora, mas o que vale a pena ser dito é que…”

MANSPLAINING – O termo é uma junção de man (homem) e explaining (explicar). É quando um homem dedica seu tempo para explicar a uma mulher as vezes o óbvio!  Mas o mansplaining também pode servir para um homem explicar como a mulher está errada a respeito de algo sobre o qual ela de fato está certa, ou apresentar ‘fatos’ variados e incorretos sobre algo que a mulher conhece muito melhor que ele, só para demonstrar conhecimento. A verdadeira intenção do mansplaining é desmerecer o conhecimento de uma mulher. É tratá-la como inferior e menos capaz intelectualmente. Talvez você não tenha percebido isso de forma tão explícita no seu cotidiano, mas com certeza agora irá prestar atenção na maneira como muitos chefes, maridos ou namorados dizem ou tratam as mulheres ao seu redor.

Frases como “Não há nada que uma mulher goste mais do que ouvir o quanto ela é bonita.”  – “Se ela não gosta de cantadas, ela que não saia na rua.”   – “E por que as mulheres simplesmente não respondem pros caras, já que elas não gostam?

BROPRIATING – É a junção dos termos “brother” (irmão,  mano, amigo) e “appropriating” (apropriação). Muito comum em reuniões e no ambiente corporativo de forma geral, acontece quando um homem se apropria das ideias de uma mulher e passa a utilizá-las como suas, levando os créditos pelo trabalho. E se refere à quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela em reuniões. Quando colocamos uma ideia, muitas vezes não somos ouvidas. E então, um homem assume a palavra, repete exatamente o que você disse e é aplaudido por isso. Esse tipo de situação é considerado um dos fatores para que o número de mulheres em cargos de liderança seja bem menor em comparação ao sexo masculino. O bropriating ajuda a explicar porque existem tão poucas mulheres nas lideranças das empresas. Além das supostas desvantagens mercadológicas e o preconceito de gênero !

GASLIGHTING – Deriva do termo inglês “gaslight”, a luz inconstante do candeeiro a gás. É a violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz. É uma forma de fazer a mulher duvidar de seu senso de realidade, de suas próprias memórias, percepção, raciocínio e sanidade.

Uma das formas mais abusivas dentre os tipos de machismo, já que funciona como uma intensa violência psicológica. No dia a dia, aposto que vocês já ouviram alguma vez – ou várias:

“Você está exagerando” – “Nossa, você é sensível demais” – “Para de surtar” – “Você está delirando” – “Cadê seu senso de humor?” – “Não aceita nem uma brincadeira?”

Xiiiii só pode estar de TPM !  – E o mais clássico: “você está/é  louca”.

Isso é gaslighting. Uma forma de manipulação que desencadeia um total esvaziamento da autonomia da vítima. Uma ferramenta presente em muitos relacionamentos, que levam as mulheres a abrir mão de suas escolhas, de suas opiniões e até de cuidar da sua própria vida. É “desempoderamento”, opressão e controle. Algo que não deve ser admitido em nenhuma situação!

Se você é mulher, também pode sinalizar para os homens próximos a você que determinadas posturas causam traumas, sofrimentos e um verdadeiro desrespeito, contra o qual milhões de mulheres vêm lutando ao longo da história.

Homens, querem participar? Desconstruam o machismo dentro dos seus meios. Apontem o machismo na fala dos seus iguais. Intercedam nas situações de opressão.

E não, não é mimimi feminista !  Não é preciso militar no feminismo para fazer nenhuma dessas coisas. Basta ter vontade de mudar as coisas – e a melhor forma de começar a fazer isso é mudando a si mesmo.

A mudança que queremos mudar começa em nós mesmos !

Certamente vale a pena pensar no assunto! 😉