Provavelmente, depois da morte, um dos assuntos que mais assombra a mente humana certamente é o sexo. Sabemos que quando o assunto é sexualidade, fica quase inevitável o envolvimento do tema em uma névoa de mitos, fantasias e tabus. Então, como pensar em sexualidade de forma adequada, enfrentando esses dilemas? Já responderei.

Mas ante essa pergunta amedrontadora importante verificar a etiologia de ambas as palavras: No dicionário Houaiss, tabu significa: “Interdição/proibição. Ação, objeto proibidos por uma lei ou cultura”. A palavra tabu se originou do polinésio que significa sagrado, algo inviolável. Mitos são relatos fantásticos, alegóricos e fantasiosos acerca de um determinado tema.
Portanto, mitos e tabus não deixam de ser, uma atividade social, estabelecida por ordem moral e religiosa, que é culturalmente reprovável e, varia de acordo com a sociedade e o momento histórico.

Segundo a filósofa Marilena Chauí, nenhuma cultura lida com o sexo “como um fato natural bruto, mas já o vive e o compreende simbolicamente, dando-lhe sentidos, valores, criando normas e permissões”, ou seja, representam aquilo que se costumamos chamar de “repressão sexual”. Podemos afirmamos então, que esses mitos sexuais podem ser compreendidos como uma ideia falsa sem correspondente na realidade, ou com concepções errôneas e mentirosas criadas a partir de rumores, superstições, fanatismos religiosos ou educação sexual falha.

Já os tabus sexuais são aspectos da sexualidade que a sociedade “não autoriza”, “não admite”, discrimina, inverte e muitas vezes até desvirtua-os, ou que de certa forma, não admite.

Vejamos alguns poucos exemplos de tabus e mitos sexuais que ainda hoje muitos acreditam ser verdade:

– Mulher não pode falar de sexo: Uma parcela das mulheres ainda se sentem constrangidas ou tem medo de serem julgadas como vulgares ou promiscuas por falarem e gostarem do assunto. Esse é um tabu que precisa ser superado, principalmente através de educação sexual em vários âmbitos.

– Masturbação é errada ou pecado: Nem uma coisa e nem outra, a masturbação é um comportamento comum, de conhecimento do próprio corpo, com prazeres que fazem bem à saúde. Religiões à parte, mas outrora a masturbação já foi considerada pecado e esse aspecto se perpetua até hoje, principalmente entre as mulheres, onde ainda sofre em grande parte discriminação.

– Sexo anal/oral: Muitas pessoas consideram esses dois tipos de práticas sexuais como “sujas” ou “pecaminosas”. O sexo anal é mal visto porque se associa à homossexualidade. Que é uma grande ilusão. Em relação às mulheres que praticam sexo oral, muitas sentem receio de serem consideradas “putas”. Na realidade, o corpo inteiro, quando estimulado, é uma fonte imensa de prazer.

– Há diferenças nos desejos sexuais de homens e mulheres: Mais um mito que vem de tempos remotos, no qual a mulher tinha que ser recatada e que os homens seriam os responsáveis por perpetuar e praticar o ato sexual, restando às mulheres o amor conjugal. Hoje assumimos comprovadamente que tanto homens quanto mulheres têm vontades iguais. A diferença é somente cultural: a mulher ainda tem receio em falar dos seus desejos por medo de ser julgada.

Por fim, sem dúvida, afirmo que a melhor forma de lidar com os mitos e tabus sexuais é admitir que esses sentimentos são reais e, depois, conversar abertamente sobre eles. É primordial a produção de conhecimento do assunto, a leitura, a pesquisa, trabalhos na área da educação sexual, o diálogo aberto e franco sobre o tema, pois, sabemos, o quanto muitos pais, professores, religiosos e pessoas com mentes e costumes muitos antigas por falta de conhecimento e até muitas vezes, devido ao desconhecimento da própria sexualidade, ignoram essas contribuições para uma melhor compreensão do aprendizado, principalmente, na hora de transmitir conhecimento a seus filhos, alunos e aos mais inexperientes.

Vamos todos juntos ajudar a espantar definitivamente esses “fantasmas” que só atrapalham nossa qualidade e satisfação plena de nossa sexualidade e consequentemente, nossa qualidade de vida.

Sexo é vida !