Já teve a sensação de estar distante de si? De não saber nem mais do que gosta, ou do que não gosta? Ou até mesmo que se perceber vivendo uma vida na qual não se reconhece mais nela?

Pode ser uma questão de autoestima, ou a melhor maneira que encontramos para nos adaptar e integrar nos meios sociais, nos grupos dos quais participa e segue interagindo, fato é, como é terrivelmente fácil se perder de vista. Perder de vista o horizonte dos seus propósitos, seus sonhos.

Basicamente, de si.

O espelho, no qual busca sua imagem, fica tão embaçado e distante que se o visse muito repentinamente era capaz de não se reconhecer de imediato?
O que acontece, no decorrer das rotinas, que cria esse abandono de nós mesmes?

Seria um dispor-se ao Outro? Seja esse Outro um alguém, um trabalho, uma situação (entendendo o Outro como tudo aquilo que estiver além de nós mesmes). A concentração fora de si é capaz de gerar esse estado de não conseguir mais se reconhecer, se perceber ali em vc mesme. Já sentiu isso?

Desconcentrar-se do outro para encontrar o centro em si é um movimento que irá exigir coragem. Para quem já percorreu longas distâncias para longe de si mesme, sabe. Sabe que, quando percorre-se o caminho de volta para casa, a trilha nem sempre é agradável, muito do que fomos buscar no Outro, pode ter sido justamente para não ver ou encarar certas partes do nosso próprio Ser.

Ao mesmo tempo, perdemos tantas lindezas de dentro nos concentrando fora.

Talvez esse desnorteamento, que nos leva a sensação de que nada daquele Outro faz sentido mais, provenha pois o sentido nunca esteve ali, ele foi colocado ali, imaginado ali, ou projetado (colocado de dentro para fora).

Gosto muito daquele movimento de dar uns passos para trás, assim é possível enxergar o quadro Todo, não apenas uma parte. Mesmo assim, ainda é precioso saber direcionar bem o olhar, evitar se dispersar no Todo.
Para onde olhar então? Volte a olhar no espelho. Volte o seu olhar para dentro. Se veja, com sinceridade e gentileza. Perceba o quanto você é também uma Parte, de um Todo infinito.
A Parte não é ínfima diante do Todo, ela é justamente uma parte, e por isso é reflexo desse mesmo Todo. Perceba os reflexos dos seus espelhos. Veja que você já é o Todo, e que não há necessidade de se completar pelo Outro, através do Outro.

Assim, desconcentrando-se e se integrando a si mesme, que existe a possibilidade de já não mais se perder de si, alimentando desânimos e desesperanças pela falta de sentido, pois estará contigo o norte e a estrela guia, se tornará navegante do teu próprio Ser, será você quem decidirá para onde ir, quando e como.

O caminho de dentro é aquele que lhe dará as respostas, e você? Já deu os primeiros passos?